Sleeve versus Bypass – pontos fortes de cada cirurgia
- Dr. André Costa Pinho
- 24 de out. de 2024
- 2 min de leitura
As cirurgias bariátricas e metabólicas mais realizadas em todo o mundo são o Sleeve Gástrico e o Bypass Gástrico em Y de Roux. Estas duas intervenções partilham diversos aspetos: têm objetivos semelhantes, são realizadas por laparoscopia através de pequenas incisões, o tempo de internamento e a recuperação pós-operatória são praticamente idênticos, exigem uma dieta líquida nas primeiras semanas após a cirurgia e suplementos vitamínicos, pelo menos nos primeiros meses.
Contudo, tecnicamente, diferem bastante. O Sleeve Gástrico reduz o estômago para cerca de 20% do seu volume original, transformando-o num tubo com aproximadamente 3 cm de diâmetro. No Sleeve não se provoca qualquer alteração no intestino. Já o Bypass Gástrico reduz o estômago para cerca de 10% do volume inicial, criando uma pequena bolsa com 8x4 cm. Além disso, o Bypass Gástrico faz com que parte do intestino não participe na digestão e absorção dos alimentos, exigindo "ligações" (anastomoses) entre o estômago e o intestino para desviar os alimentos.
Nenhuma cirurgia é intrinsecamente melhor ou pior do que a outra, cada uma tem os seus pontos fortes.
O Sleeve é uma cirurgia menos invasiva, que altera pouco a anatomia do tubo digestivo e que provoca pouca hipoabsorção, necessitando de menos suplementação vitamínica a longo prazo e não alterando a absorção de medicamentos. Como não tem ligações intestinais, não apresenta alguns riscos relacionados com essas ligações. Deixa também a possibilidade de novos tratamentos cirúrgicos, caso exista reganho de peso a longo prazo.
O Bypass Gástrico é a melhor opção para doentes que têm refluxo, esofagite ou hérnia do hiato. Tem maior impacto metabólico pelo que apresenta maior probabilidade de melhorar os diabetes, colesterol elevado e outras doenças associadas. Como provoca hipoabsorção intestinal, pode conduzir a resultados de perda de peso mais estáveis a longo prazo com menor probabilidade de reganho de peso.
A escolha da cirurgia mais adequada deve ser personalizada. Fatores como o historial clínico e os exames complementares de diagnóstico ajudam a prever o sucesso de cada cirurgia, ajustando-a aos objetivos de cada doente. Existem ainda outras cirurgias bariátricas e metabólicas (SADI-S, OAGB, SASI,…) que devem ser consideradas.
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